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Iniquidade é transgressão de qual lei?
Havia alguma lei a ser guarda pelo gentio Abrão? Não, pois nada havia sido ordenado aos homens!
Mas, quando foi dito a Abraão que ele teria uma descendência numerosa sobre a face da terra, mesmo não
tendo filhos, Abraão creu, e isto lhe foi imputado por justiça. Observe que não havia lei e nem mesmo a
circuncisão.
A primeira atitude de muitos quando procuram definir o que é iniquidade centra-se em buscar o significado
do termo na língua grega. Primeiro demonstram que o termo vem do Grego 'avouia' [anomia] (Substantivo
feminino), e que, dependendo da frase, assume a conotação de negação da lei, ilegalidade, falta de
conformidade com a lei, violação da lei, desacato à lei, iniquidade, impiedade.
O termo avouoç [anomos] traduzido por iniquidade é composto por um prefixo 'a' [a] que desempenha a
ideia de ausência, falta, exclusão e o termo vouoç [nomos] "lei". Dai a construção "sem lei", "ausência de
lei".
O próximo passo restringe-se a determinar quantas vezes o termo é utilizado no Novo Testamento.
Contabilizando, chega-se ao consenso de que a palavra avouia [anomia] aparece 15 vezes no Novo
Testamento.
Tudo o que foi visto acima é verdadeiro, mas, a análise não dá base para afirmar que a lei de Moisés,
como faziam os judaizantes, é o meio pelo qual o homem alcança a salvação, é recalcitrar contra a verdade
do evangelho.
Pelo fato de 'iniquidade' ser o mesmo que 'negação da lei', interpretar o versículo que diz: "E, por se
multiplicar a iniquidade, o amor de quase todos se esfriará" ( Mt 24:12 ), como sendo 'negação da lei'
(iniquidade) o não guardar a lei mosaica é desconsiderar o contexto do versículo.
No verso anterior Jesus alerta que surgiriam muitos falsos profetas, e que enganariam a muitos ( Mt 24:11
). Qual a ação dos falsos profetas? Trazer uma mensagem adversa da ordenada por Deus, ou seja, uma
mensagem que transtorna o mandamento de Deus. No contexto do Novo Testamento qual é o
mandamento de Deus? A resposta é: crer no enviado de Deus! "E o seu mandamento é este: que creiamos
no nome de seu Filho Jesus Cristo..." ( 1Jo 3:23 ).
Com a vinda do Messias, o mandamento de Deus resume-se na seguinte 'obra': "Que creiais naquele que
ele enviou" ( Jo 6:29 ). Quem faz a obra determinada por Deus, que é crer em Cristo, se fez servo,
portanto, cumpriu o mandamento de Deus como o fez Abraão que, mesmo antes de ser dada a lei de
Moisés cumpriu todos os preceitos de Deus "Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu
mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis" ( Gn 26:5 ).
Alei mosaica só foi dada 430 anos após Abraão ter obedecido à voz de Deus, e Deus deu testemunho de
Abraão, um gentios da cidade de Ur dos Caldeus, de que guardou todas as suas leis.
Havia alguma lei a ser guarda pelo gentio Abrão? Não, pois nada havia sido ordenado aos homens! Mas,
quando foi dito a Abraão que ele teria uma descendência numerosa sobre a face da terra, mesmo não
tendo filhos, Abraão creu, e isto lhe foi imputado por justiça. Observe que não havia lei e nem mesmo a
circuncisão.
Somente após Abraão crer é que Deus instituiu a circuncisão do prepúcio da carne, como símbolo da
aliança firmada entre Deus e Abraão, e que os descendentes da carne de Abraão deveriam guardar ( Gn
17:9 ). A circuncisão não era a aliança, antes a circuncisão era símbolo da aliança estabelecida entre Deus e
Abraão.
Quando Abraão fez a circuncisão do prepúcio da carne era gentio e justo diante de Deus. Dai a pergunta
do apóstolo Paulo: "Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também sobre a
incircuncisão?" ( Rm 4:9 ).
Para um judaizante, a bem-aventurança prometida Abraão só é possível quando o homem circuncida o
prepúcio da carne, mas se observarmos Abraão, verifica-se que o selo da circuncisão só foi determinado
após Abraão ter tido o testemunho das Escrituras de que era justo diante de Deus ( Gn 15:6 ; Gn 17:24
; "ENTÃO alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes
conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos" At 15:1 ).
Deus não fez promessa a Abraão por intermédio da lei de Moisés, antes por meio da palavra da fé, ou
seja, da promessa ( Rm 4:13 ). Abraão vivia sem lei quando lhe foi feita a seguinte promessa: "E abençoarei
os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da
terra" ( Gn 12:3 ).
Se observarmos a mensagem dos judaizantes: - 'Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés,
não podeis salvar-vos', tem-se nesta determinação a fala de um falso profeta, pois diz algo que Deus não
falou. Daí a necessidade de observarmos oque disse o apóstolo Paulo: "Eis que eu, Paulo, vos digo que,
se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo o homem, que se
deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos
justificais pela lei; da graça tendes caído" ( Gl 5:2 -4).
Quando Jesus disse que surgiriam muitos falsos profetas, Ele tinha em vista as inúmeras pessoas que
surgiriam anunciando mensagens utilizando o nome de Deus, porém, negando obra realizada por Cristo.
Sobre este assunto asseverou o apóstolo Paulo: "Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia
dela. Destes afasta-te" ( 2Tm 3:5 ).
Qual o significado de piedade neste verso? Seria: "amor e respeito às coisas religiosas; religiosidade;
devoção; Pena dos males alheios; compaixão, dó, comiseração"? Não! Piedade neste verso é o mesmo que
'evangelho'. Tem aparência de evangelho, porém, negam a eficácia.
Tal sentido do termo piedade depreende-se da seguinte passagem bíblica: "E, sem dúvida alguma, grande é
o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado
aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória" ( 1Tm 3:16 ). O mistério da piedade diz do
evangelho de Cristo ( ), portanto, todos quantos quiserem viver segundo a palavra do evangelho, sofrerão
perseguições ( 2Tm 3:12 ).
Mensagens como: É necessário circuncidar-se; É necessário guardar os sábados; É necessário abster-se
de alimentos; É necessário abster-se de casar-se, são todas falsas profecias. Qualquer que dar ouvidos a
tais mensagens, da graça de Cristo caiu.
Ora, tais mensagens são negações do mandamento de Deus (iniquidade), pois o seu mandamento é:
"Quem crer e for batizado será salvo..." ( Mc 16:16 ). Foi Deus que estabeleceu uma Pedra preciosa em
Jerusalém, Jesus, o Cristo "Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra
principal da esquina, eleita e preciosa; E quem nela crer não será confundido" ( 1Pd 2:6 ).
Ora, por se multiplicar as mensagens de engano, as mensagens dos falsos profetas, a obediência de
muitos seria anulada. Ora, o verso: "E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos" (
Mt 24:12 ), foi dito por enigmas, portanto, é uma parábola.
Como é possível aumentar a iniquidade? O que se multiplica é a mensagem de engano, pois surgiriam
muitos falsos profetas e anticristos "AMADOS, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos
são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo" ( 1 Jo 4:1 ). Com o surgimento
de muitos falsos profetas a mensagem de engano aumenta, consequentemente, o mandamento contido
no evangelho de Cristo deixa de ser anunciado.
Se a necessidade de crer em Cristo não é anunciada, antes outra mensagem é divulgada, tem-se a
iniquidade, ou seja, ausência da lei, do mandamento. Sem o mandamento não há amor, pois ama aquele
que cumpre o mandamento "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e
aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele" ( Jo 14:21 ).
Ou seja, quando Jesus aponta que o amor se esfriará, Ele estava demonstrando que, em virtude da
ausência do mandamento verdadeiro (iniquidade), a obediência (amor) diminui, esfria.
É neste sentido que Jesus pergunta: Quando, porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
O termo fé deve ser compreendido como a mensagem do Filho do homem. Cristo é a Fé, a fé que havia de
se manifestar, portanto, sem a sua mensagem não há fé, pois a Fé que a bíblia faz alusão tem a
capacidade de residir nos homens ( Gl 3:23 ; 2Tm 1:5 ).AFé que Jesus faz menção refere-se ao
fundamento de Deus, que é firme e faz o homem agradável a Deus ( 2Tm 2:19 : Hb 11:1 ).
Ao escrever a Timóteo, o apóstolo Paulo alerta quanto às falsas doutrinas "Como te roguei, quando parti
para a Macedónia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina, nem
se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de
Deus, que consiste na fé; assim o faço agora" ( 1Tm 1:3 -4 ).
Quando se ensina outra doutrina, instala-se a iniquidade, pois transtorna o mandamento de Deus. A
edificação em Deus consiste na fé, no firme fundamento estabelecido por Ele, que é firme e permanente.
Ora, sabemos que hoje estamos mais próximo do fim ( Rm 13:11 ), porém, o que se observa é que as
pessoas tem-se tornado mais crédulas, visto que muitos dizem acreditar em Deus, no impossível, em
milagres, no impossível, etc. Mas, a questão é: quando o Filho do homem voltar, a sua mensagem, a palavra
da fé estará sendo anunciada ao mundo?
O que foi manifesto aos homens? Cristo foi manifesto, portanto, foi manifesto a palavra, ou seja, a fé:
"Mas a seu tempo manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de
Deus, nosso Salvador" ( Tt 1 :3 ); "Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e
encerrados para aquela fé que se havia de manifestar" ( Gl 3:23 ).
Dai a explicação: "Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de
uma fé não fingida. Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas; Querendo ser mestres
da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam" ( 1Tm 1:5 -7).
Neste verso o apóstolo aponta qual é o objetivo do mandamento de Deus: a obediência de um coração
puro que abraça uma fé genuína. O mandamento neste verso diz do evangelho de Cristo, e não da lei
mosaica. Quando se ensina a doutrina de Cristo, temos um mandamento que demanda obediência, ou seja,
é preciso crer no enviado de Deus.
O objetivo, a finalidade do mandamento de Cristo é a obediência de coração, o que trás uma boa
consciência e uma crença genuína. Mas, quando há a distorção, o desvio da verdade, surge a 'contenda'. É
o que o apóstolo Paulo nomeia de 'vinho da contenda', do qual o cristão deve se abster, ou seja, do
ensinamento dos judaizantes "Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas, e nos
debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs" ( Tt 3:9 ).
Perceba que 'contenda' é uma FIGURA utilizada para fazer referência à doutrina dos judaizantes "Do que,
desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas" ( 1Tm 1:6 ). Adoutrina dos judaizantes é o ardente
vinho de serpentes "O seu vinho é ardente veneno de serpentes, e peçonha cruel de víboras" ( Dt 32:33 ;
Ef 5:18 ).
O mandamento de Deus é: creiam no nome do meu Filho ( 1 Jo 3:23 ). Qualquer que não crê nunca conheceu
o Pai e nem o Filho, de modo que naquele dia ouvirá: "Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que
praticais a iniquidade" ( Mt 7:23 ). Ora, estes confessam com a boca que amam a Deus, porém, negam-No
com as suas obras. Estes verdadeiramente negam a lei de Deus! "Quem não me ama não guarda as minhas
palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou" ( Jo 14:24 ).
Estão em iniquidade porque negam obedecer ao mandamento de Deus, que é crer em Cristo. Ora, quem
confessa que Jesus é o Cristo, está em Deus e Deus nele ( 1 Jo 4:15 ), de modo que conheceu a Deus (
Uo 4:7 ), pois para ser nascido de Deus é necessário receber poder ( Jo 1:12 ), o que é concedido aos que
crêem em Cristo.
Mas, a qualquer que conhece a Deus, ou seja, que creu em Cristo, jamais deve voltar aos argumentos
fracos da lei que tem por base questões de ordem moral e severidade com o corpo "Mas agora,
conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos
fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?" ( Gl 4:9 ).
Os judaizantes dos nossos dias geralmente lançam mão do seguinte verso para expor a ideia de que é
necessário guardar a lei: "Qualquer que comete pecado transgride a lei, pois o pecado é a transgressão da
lei" ( Uo 3:4 ).
O termo 'mandamento' é utilizado por diversas vezes na epístola joanina, porém, somente neste verso o
tradutor sentiu-se à vontade para traduzir o mesmo termo por 'lei', o que constrói a ideia de que se trata
de um código escrito.
No inicio da carta o apóstolo diz: "E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos o seu
mandamento" ( 1 Jo 2:3 ). Já no verso 23 de 1 João 3, temos: "E o seu mandamento é este: que creiamos no
nome de seu Filho Jesus Cristo ...".O correto é traduzir o verso 4 do capítulo 3 da epístola utilizando o
termo mandamento: "Qualquer que comente pecado transgride o mandamento, pois o pecado é a
transgressão do mandamento" ( Uo 3:4 ).
Dai a pergunta: que 'mandamento' quando transgredido, ou 'lei' quando transgredida é pecado? Seria a lei
de Moisés? É certo que não, pois antes de ser entregue a lei mosaica já havia pecadores no mundo
"Porque até à lei estava o pecado no mundo..." ( Rm 5:13 ).
Ora, os fariseus cumpriam o que entendiam da lei, porém, Jesus Lhes disse: "Por isso vos disse que
morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados" ( Jo
8:24 ). Os fariseus achavam que cumpriam a lei, porém, Jesus lhes disse: "Não vos deu Moisés a lei? e
nenhum de vós observa a lei. Por que procurais matar-me?" ( Jo 7:19 ).
Ora, crer em Cristo é a lei da liberdade. Crer em Cristo é o mandamento, e qualquer que n'Ele não crê,
transgrede a lei. Alei que transgredida é pecado e que o evangelista João faz referência não tem por base
regras tais como: "Não toques, não proves, não manuseies?" ( Cl 2:21 ).
Entender que a lei de Moisés é eterna e perfeita é desconsiderar o que disse o escritor aos Hebreus:
"Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de
acabar" ( Hb8:13 ).
Alei foi dada para conduzir os descendentes de Jacó a Cristo, demonstrando que eles eram pecadores,
apesar de serem descendentes da carne de Abraão. Alei foi dada aos descendentes da carne de Abraão
para demonstrar que todos os homens estavam em igual condição diante de Deus "Ora, nós sabemos que
tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o
mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da
lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado" ( Rm 3:19 -20 ).
Antes de chegar a esta conclusão, o apóstolo cita várias passagens da lei e dos salmos que protestavam
contras os judeus "Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que
tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há
quem faça o bem, não, nem sequer um. Acaso não têm conhecimento os que praticam a iniquidade, os
quais comem o meu povo como se comessem pão? Eles não invocaram a Deus" ( SI 53:2 -4).
Observe que o salmista aponta que não há um justo se quer, e que ninguém buscava a Deus, embora
houvesse o povo de Israel na terra. Em um dos salmos citados pelo apóstolo, o salmista faz um protesto
contra os obreiros fraudulentos, que se alimentavam de Israel como se fosse pão, porém, não lhes dava a
palavra que alimenta "Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes
demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado" ( Rm 3:9 ).
Tais obreiros eram obreiros da iniquidade, ou seja, obreiros que violavam a lei. Eram semelhantes ao juiz
iníquo, que apesar de existir um código de leis a serem seguidas, era avesso ao seu dever. Por que ele era
um juiz iníquo? Porque não existia lei? NãolAntes, o iníquo é aquele que não observa o prescrito.
Outro equivoco dos judaizantes está em considerar que Cristo veio cumprir a lei aos moldes daquilo que
os judeus executavam, e isto pela seguinte passagem: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas:
não vim ab-rogar, mas cumprir" ( Mt 5:17 ).
A multidão enquanto ouvia o discurso de Jesus poderia pensar que Ele estava destruindo o que constava
na lei e nos profetas. Antes que chegassem a tal entendimento, Jesus se antecipa e afirma
categoricamente que não veio anular o que estava posto, antes que Ele era o próprio cumprimento do que
os profetas anunciaram. Em outras palavras, Cristo estava demonstrando que tudo o que estava previsto
na lei e nos profetas estava cumprindo-se n'Ele.
Enquanto a lei era sombra, Cristo é a realidade, de modo que Ele não viveu segundo os rudimentos frágeis
e pobres dos filhos de Jacó. Tudo o que foi predito acerca de Cristo foi cumprido, de modo que não foi
omitido 'nem um jota ou um til', pois Cristo é o cumprimento da lei.
Diferente dos demais, Jesus entrava na casa dos pecadores e dos cobradores de impostos para comer (
Lc 5:30 ). Não jejuava aos moldes dos fariseus e escribas, antes praticava o verdadeiro jejum apregoado
por Isaias ( Is 58:6 ; Mt 9:14 ). Jesus não guardava o sábado aos moldes dos seus acusadores "E alguns
dos fariseus lhes disseram: Por que fazeis o que não é lícito fazer nos sábados?" ( Lc 6:2 ). Foi tido por
comilão e beberão "Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e
beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos" ( Mt 11:19 ).
Quando lemos que o apóstolo Paulo utilizava a lei e os profetas para persuadir os seus ouvintes ao
evangelho, isto não quer dizer que ele estava impondo aos seus ouvintes os preceitos da lei mosaica. Ele
se utilizava da lei e dos profetas para demonstrar que, o Jesus de Nazaré que crucificaram a pretexto de
um a lei, na verdade era o Cristo de Deus "...procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela lei de
Moisés como pelos profetas, desde a manhã até à tarde" (At 28:23 ); "Porventura o trono de iniquidade te
acompanha, o qual forja o mal por uma lei?" ( SI 94:20 ).
Esta também foi a tónica da mensagem do apóstolo Pedro, que lanço mão dos salmos para demonstrar
que seus compatriotas haviam crucificado o Autor da vida ( At 2:36 ). O apóstolo Pedro não expôs aos
seus irmãos segundo a carne a lei mosaica, antes apresentou-lhes o Cristo, que é a justiça eterna, ou
seja, o caminho, a verdade e a vida "Atua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade" ( SI 119:142 ).
É temerário utilizar um termo e o seu significado isolado para emitir opinião acerca de uma verdade. Lançar
mão do termo avouoç [anomos] para argumentar que a não observância da lei mosaica é iniquidade é
argumento frágil, pois ler Moisés não é cumprir a lei "E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto
sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará" ( 2Co 3:15 -16).
Semelhantemente, cumprir um quesito da lei, não é guardar a lei mosaica, pois qualquer que guardar toda a
lei, e tropeçar em um só ponto, é culpado "E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar,
que está obrigado a guardar toda a lei" ( Gl 5:3 ); "Todos os que querem mostrar boa aparência na carne,
esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo" (
Gl 6:12 ).
Portanto, quando lemos que: "A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos
mandamentos de Deus" ( 1Co 7:19 ), não podemos concluir que os mandamentos de Deus refere-se a lei
de Moisés, antes se faz necessário comparar a passagem com outros versos, e aí teremos o seguinte
quadro: "Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que
opera pelo amor" ( Gl 5:6 ).
Af é que opera pelo amor é o mesmo que observância dos mandamentos, de modo que 'fé' diz do
mandamento em Cristo: crer naquele que Deus enviou, e o 'amor' diz da obediência exigida. Em outras
palavras, o mandamento de Deus é a obediência da fé "Mas que se manifestou agora, e se notificou pelas
Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da
fé" ( Rm 16:26 ; Rm 1:5 ).
Daí a advertência: "Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da
circuncisão" ( Tt 1:10 ).